A
criação de centros universitários e a instalação de empresas nacionais e
multinacionais são alguns dos fatores que estão levando as duas maiores cidades
do recôncavo a um fenômeno que até pouco tempo atrás era exclusivo das capitais
brasileiras, o crescimento populacional. Mesmo auxiliando no desenvolvimento da
economia da região, se as cidades não estiverem preparadas, o fenômeno pode transformar-se
em problema e trazer consequências desastrosas num futuro próximo.
Em
Santo Antonio de Jesus, no bairro Cajueiro, quem vendeu uma casa ou terreno há
sete ou oito anos atrás, certamente, está arrependido. Isso porque a área foi
supervalorizada nos últimos anos com a instalação de um centro da Universidade
Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) e de uma unidade do Clube do Serviço
Social do Comércio (SESC). Segundo, as agências de correção imobiliária, alguns
imóveis do bairro tiveram seus valores quadruplicados num período de cinco
anos. Essa valorização deve aumentar, pois um condomínio de luxo, ainda com
lotes a venda, também está sendo erguido no local e em fevereiro, deste ano,
500 famílias se mudaram para um conjunto residencial construído no bairro pelo
programa Minha Casa, Minha Vida.
Com
a urbanização da área que até pouco tempo atrás fazia parte da zona rural do
município, foram adotadas medidas para melhorar as condições de habitação e trazer
mais conforto aos moradores do local. A prefeitura asfaltou as ruas que antes
eram de terra, distribuiu 54 postes de iluminação ao longo da área, criou um
espaço de lazer e disponibilizou uma linha especial de ônibus.
Em
Cruz das Almas, o Bairro Tabela também teve seus imóveis valorizados após a
implementação da sede da UFRB no município. Com o aumento da demanda, o aluguel
de um imóvel simples no bairro com dois quartos, sala, cozinha e banheiro, que
há cinco anos custava entre R$ 200 e R$ 250, agora custa, em média, R$ 500.
Também,
em Cruz das Almas, a construção de casas populares é um dos principais fatores
da urbanização de áreas rurais. Em julho de 2009, setenta novas famílias
ganharam casas novas no povoado da Embira. Para comportá-las, a prefeitura
realizou obras de calçamento e saneamento básico e levou água encanada para o
bairro. O mercado imobiliário cruzalmense também espera aproveitar os
benefícios, uma grande área loteada no local, já está à venda.
De
acordo com o geógrafo Wagner de Cerqueira e Francisco, as cidades mais
equipadas exercem um grande poder atrativo, o que desencadeia fluxos
migratórios. Se a cidade não estiver preparada ou não tiver espaço físico, um
aumento anormal no número de habitantes pode ser ruim e causar um inchaço
populacional. “Com isso, se intensificam atividades que exigem baixo grau de
instrução como as desenvolvidas por vendedores ambulantes, coletores de materiais
recicláveis, flanelinhas, e etc... Também é comum o aumento do número de
moradores de rua, já que algumas pessoas não conseguem obter renda suficiente
para financiar locais adequados para a habitação.” Explica.
O
inchaço populacional pode resultar em ocupação de áreas impróprias, surgimento
de novas favelas, problemas de trânsito, aumento da produção de lixo, falta de
vagas em escolas e hospitais, desemprego, cotação imobiliária acima da inflação,
entre outras complicações. Para evitar isso, uma boa ideia para as
administrações é criar postos de trabalho e escolas em cada bairro, desafogando
os centros. Urbanizar áreas rurais é uma saída, mas, também é prejudicial, já
que tanto Santo Antonio de Jesus, quanto Cruz das Almas dependem de sua
agricultura.
Para
Wagner, o melhor é fazer com que esse crescimento seja calculado. “Planejar
ações e políticas públicas para proporcionar qualidade de vida e,
principalmente, dignidade para os cidadãos.” Conclui.
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