A Alma do Negócio

O vendedor de cocos paraíbano Aloísio Silva é só alegria. Na barraca dele a tristeza não tem vez. Simpatia bem que poderia ser o seu sobrenome. Visitar a Ponta do Seixas em João Pessoa e não beber a água de côco do Seu Aloísio é perder a chance de dar boas risadas.

Ele começou  a trabalhar aos sete anos de idade para ajudar o avô. Por conta do trabalho, teve de largar os estudos. Nunca teve chance de aprender outro ofício, também nem precisou. Os cocos lhe deram tudo, inclusive felicidade e a oportunidade de conhecer gente do mundo inteiro trabalhando num dos cartões postais mais bonitos do Brasil. Há quinze anos, o vendeor de côcos deu uma de marqueteiro e bolou o slogan que chama a atenção de quem passa pelo local, 'O côco mais oriental das Américas', batiza a pequena barraquinha verde e faz referência a Ponta do Seixas, que é o ponto mais avançado das Américas em relação a África.
Vendendo cerca de duzentos cocos por dia, a dois reais e cinquenta centavos cada um, Aloísio criou os filhos. E hoje mistura a felicidade de vê-los estudando e almejando um futuro melhor que o do pai, com a tristeza de não ter um sucessor. Assim como um dia, ele mesmo foi para seu avô. Mas, Aloísio não deixa o astral da conversa mudar e logo usa sua lábia de vendedor para convencer um grupo de turistas capixabas de que seus cocos sãos os mais gelados e mais refrescantes. Coco despachado, Aloísio faz graça com a relativa  proximidade entre  a Ponta do Seixas e o continente africano.

 - Aqui na minha barraquinha, tomando acima de dez côcos, dá até pra ver os africanos do outro lado... Depois de tomar dez côcos!

Nenhum comentário:

Postar um comentário