Projeto do Rotary Club promete acabar com as Ruínas de Cachoeira até 2015



O Rotary Club de Cachoeira apresentou em plenária no último dia 10 de agosto o projeto “Ruína Zero” que pretende restaurar todos os imóveis em situação de ruína da cidade de Cachoeira num período de até cinco anos. O projeto pretende usar o dinheiro do Programa de Aceleração do Crescimento das Cidades Históricas (PAC das Cidades Históricas) que em 2011 substituirá o Programa Monumenta do governo federal para reformar os prédios. 


O “Ruína Zero” ainda estuda parcerias a serem firmadas com os Institutos do Patrimônio Histórico Artístico e Natural (IPHAN) e do Patrimônio Artístico Cultural (IPAC), com o governo do estado e com a prefeitura local, mas tem autonomia pra caminhar sozinho, segundo o presidente da sessão rotariana de Cachoeira, o professor Pedro Borges.

O critério de seleção do projeto também promete ser mais brando que o do Monumenta, que não restaurou os imóveis cujos proprietários não conseguiram obter empréstimo junto a Caixa Econômica Federal. Pedro Borges classifica como falha a seleção do programa federal e diz que é preciso classificar os imóveis e não os seus donos:

- O projeto visa justamente isso a restauração de todas essas ruínas. Que Cachoeira passe a não ter mais estas manchas urbanas.

Os recursos do PAC das Cidades Históricas podem ser destinados a qualquer imóvel, tanto do centro, quanto dos distritos de Cachoeira, e depois de reformados, esses imóveis podem ter qualquer destinação, não precisando servir exclusivamente a moradia. Segundo dados do historiador e pesquisador Heraldo Cachoeira, 262 imóveis cachoeiranos precisam de reforma ou restauração urgentemente. Se encaixando, portanto nos pré-requisitos do “Ruína Zero”. Porém, Heraldo diz não acreditar no prazo estipulado pelo projeto. Segundo ele a real situação dos imóveis é mais delicada do que se tem notícia. Tanto para Pedro quanto para Heraldo, o fato de Cachoeira ser tombada dificulta a realização do projeto. Os dois também criticaram as licenças concedidas pelo IPHAN a certos empresários da cidade que puderam mexer livremente em estruturas e fachadas descaracterizando casarões históricos e citam como exemplo a casa conhecida como “disco voador” e as instalações do Banco Bradesco S/A na cidade, entre outros.

Andando pela cidade não é difícil encontrar imóveis que oferecem risco a população que transita livremente embaixo das sacadas e marquises prestes a desabar. O povo exige reparação imediata nas casas:


- Eu acho que tem que reformar o prédio. Eu passo porque não tem jeito, tem que passar mesmo. Mesmo correndo risco (Ivan, 27 anos)

- O problema existe. Deveriam concertar tudo antes que caia na cabeça da gente. (Robson, 24 anos)

O guia turístico José relata uma situação vivida por ele, que por muito pouco, não se transformou em tragédia: 

- Às vezes eu atravesso, mudo de lado (na rua) para não passar embaixo. Uma vez eu passei aqui por essa rua e quando estava na esquina uma muralha desse prédio caiu. Faltou pouco para me atingir. (José, 20 anos)

Fotos: Toni Caldas

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