Onde Os Fracos Não Têm Vez


Como já dizia o poeta: “Nem sempre a fraqueza que se sente, quer dizer que a gente não é forte!” Encontrei ontem com uma amiga dos tempos de faculdade, conversamos por algum tempo e rimos juntos ao lembrar a época em que eu a abraçava, enquanto ela chorava, desesperada, reclamando em meio a soluços da sua falta de força. Dali discorreu um diálogo que me fez lembrar o quanto éramos realmente fortes. Afinal de contas, a grande maioria de nós não tinha sequer vinte anos, quando saímos de nossas casas, das casas onde fomos criados, do aconchego e principalmente do conforto, de ter ali por perto pai, mãe, irmãos, namorados, empregados talvez, para de uma hora para outra, nos vermos sós, dividindo casas com pessoas que jamais imaginávamos conhecer, e que realmente não teríamos conhecido, se não fosse por nossa própria vontade.

Todas as vezes que vejo na televisão, uma daquelas reportagens em que aparece uma sala de aula repleta de jovens preparando-se para o vestibular, passa-me pela cabeça a idéia de que se eles soubessem a dureza que nós enfrentamos, o número de interessados naquela e em tantas outras salas seria bem menor. E é mais do que simplesmente aprender a lidar com egos alheios. Descer do salto para aprender a realizar tarefas domésticas. Lidar com a recorrente falta de dinheiro e aprender a administrá-lo da maneira mais duradoura possível. É necessário continuar alimentado o sonho. Ir combatendo o cansaço que vai aumentando a cada dia que passa. É necessário engolir o choro quando alguém diz que aquele trabalho que você levou semanas para fazer está tão sintético quanto o diário de uma velha virgem. Se puder reencontrar aquela amiga, talvez lhe repita essas frases, mas estamos tão velhos, que se isso acontecer, acho que já não me lembrarei de boa parte das reflexões que estou tendo agora. A única certeza que levarei para o túmulo é que mesmo que não tenhamos notado a nossa força, não a desprezamos, quando mais precisamos, nós fomos sim incrivelmente fortes, mesmo que de alguma forma, não acreditássemos nisso.

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