
De lá pra cá, Ciborg que sempre deu aulas de graça se virou como pôde para manter o projeto vivo. Quase sempre com pouca ajuda financeira e só com o básico da estrutura necessária, ele seguiu difundindo a sua filosofia e transformando sua história de persistência no esporte numa lição de vida. Hoje, dezoito meninas treinam boxe de graça, até três vezes por semana. Alunas como Carla Silva, a estudante de 15 anos que escolheu o boxe há um ano por influência dos amigos e para manter a forma. Desde então, não parou mais de lutar. Outra que segue na luta, é a também estudante Luana Fraga, 17 anos. Para ela, a paixão pelo boxe vem de berço, pois tem mãe e irmã pugilistas. O talento que veio de casa deu resultado nos ringues e Luana se tornou campeã regional. O título rendeu novos objetivos. Agora, ela está com uma luta marcada para maio e sonha em disputar o campeonato baiano de boxe. Mas, ainda não tem patrocínio.
Luana espera repetir o caminho de outra atleta do projeto. Débora Silva saiu daqui para se tornar a atual campeã baiana de boxe, chegou a receber propostas para se profissionalizar e defender clubes de outros estados, mas, apesar de também não ter patrocínio, declinou dos convites para realizar um sonho. Débora virou professora e está aprontando os últimos preparativos para, em breve, abrir sua própria academia, um espaço voltado só para mulheres, onde espera revelar talentos como Carla e Luana. Para isso ela vai ter a ajuda de quem começou tudo, o professor Ciborg.
Enquanto isso, não param de aparecer novos e novas interessadas em entrar no mundo do boxe. Pessoas como Jurema Neves, chefe de gabinete de 51 anos, a mais nova candidata a aluna da Por dentro do boxe. Ela resolveu praticar um esporte para manter-se jovem por mais tempo e acabou optando pelas luvas e o ringue, em razão da disciplina. Perguntada se considera o boxe um esporte masculino, respondeu com muito bom humor:
- Trabalhar em construção já foi coisa de homem. Dirigir coletivo já foi coisa de homem. Hoje, tudo é para ambos os sexos. Esporte é saúde. Ajuda quem quer fugir do estresse. Ajuda a ocupar a mente. Além de ser um meio de integração com a sociedade, principalmente com os mais jovens.
Apoio dos amigos e da família ela vai ter de sobra, principalmente do neto de sete anos que já pediu para acompanhar a avó nas lutas. Jurema certamente é um bom exemplo desta nova mulher, que se torna uma avó diferente ao trocar o casaco e as agulhas de tricô por um ringue de boxe. Comprovando a velha máxima de que mulher ser sexo frágil, é uma mentira absurda!
Foto: Leomir Santana
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